07 fevereiro, 2015

No Azul Imenso






Mestre Martins Correia



Refulgem as imagens, a cor de muitos livros
e os clarões demarcam a sua luz,
neles revejo a sagração da lua e do mar,
numa vivência clara sobre a penumbra
e escrevo fábulas melodiosas,
o meu corpo reverdecendo entre sombras, rouxinóis,
pastores vindos de poemas de Teócrito visitando-me.
Antes já havia ilhas, labirintos e a paixão suprema
pelas ilhas já me levara a Creta ou Naxos,
aos templos e aos seus lagos sagrados,
aos frescos cobertos de princesas,
touros lendários,pelos poços negros,
em palácios de colunas vermelhas,
machados de dois gumes,
onde outrora houvera danças e música
a acompanhar antigas procissões rituais.
Foi durante uma visita à Grécia que observei heras,
fragmentos, estátuas luminosas,
entre gerânios, cisternas íntimas, colunas jónicas,
paredes brancas, um torso do Minotauro
no Museu da Acrópole,
o palácio de Cnossos resplendendo,
no sol meridional,
as abelhas ascendendo aos lugares espaçosos,
sob caves subterrâneas, labirintos,
armazéns que guardavam o vinho e o azeite,
em ânforas onde o azul imenso se acolhe,
entre touros brancos, crescentes lunares,
recordações de Dédalo, Pasífae,
meandros obscuros, rastos cintilantes,
Nereides de Posídon levitando na insónia.


Maria do Sameiro Barroso