Mestre Martins Correia
Refulgem
as imagens, a cor de muitos livros
e os
clarões demarcam a sua luz,
neles
revejo a sagração da lua e do mar,
numa
vivência clara sobre a penumbra
e escrevo
fábulas melodiosas,
o meu
corpo reverdecendo entre sombras, rouxinóis,
pastores
vindos de poemas de Teócrito visitando-me.
Antes já
havia ilhas, labirintos e a paixão suprema
pelas
ilhas já me levara a Creta ou Naxos,
aos templos
e aos seus lagos sagrados,
aos
frescos cobertos de princesas,
touros
lendários,pelos poços negros,
em
palácios de colunas vermelhas,
machados
de dois gumes,
onde
outrora houvera danças e música
a
acompanhar antigas procissões rituais.
Foi
durante uma visita à Grécia que observei heras,
fragmentos,
estátuas luminosas,
entre
gerânios, cisternas íntimas, colunas jónicas,
paredes
brancas, um torso do Minotauro
no Museu
da Acrópole,
o palácio
de Cnossos resplendendo,
no sol
meridional,
as
abelhas ascendendo aos lugares espaçosos,
sob caves
subterrâneas, labirintos,
armazéns
que guardavam o vinho e o azeite,
em
ânforas onde o azul imenso se acolhe,
entre
touros brancos, crescentes lunares,
recordações
de Dédalo, Pasífae,
meandros
obscuros, rastos cintilantes,
Nereides
de Posídon levitando na insónia.
Maria do Sameiro Barroso