No
clamor que te embrulha
“escreve de ti como se fosses outro” a raiz o olhar a caverna
um lençol de água na fisionomia do corpo a
manhã conversando com o calor da
pele a
palavra nos corredores do invisível o outro
lado eu e o
meu amigo em contra-mão o
Verão com chapéu de chuva e o Inverno com sombreiro sinal da raiz dos tempos escreve--te um
olhar imerso para além
o umbigo
da palavra no convés do corpo
barco
“escreve de ti”
caranguejo da tua imagem eu sou
o outro na varanda que dizes de ti tu tu-outro
palimpsesto
gravata
no tornozelo de todos os dias memória
laço esgravatada em ti caminhante perna de pau palavras de açúcar ao sol-pôr berço
cheio de fadiga escreve-te numa bandeja púrpura
não olhes
para os teus olhos
camarada entrar
pelas avenidas dos teus braços pôr
lenços brancos na ponta dos teus dedos
escreve no outro
que és tu; tempestade e amargura solene
visão indolente em torno de abraço sem poeira cavalo que galopa ao teu encontro? tu vês
o outro na curva do tempo? caminhas apressado e sem medo? vives
de perto o horizonte enraizado? ferve alguma tempestade na cor
do éter ? és
amigo de ti sem anotares os nomes que te nomeiam ?
escreveste isolado e com amargura ladrão de lágrimas fantasias dos enrugados pensamentos olhos que o vento enrola na praia pensamentos e cabras nos montados - as vezes que isso me entrou com a
lua , dizes de ti! tu
encontrado aos pontapés pelos
campos do agoiro tartaruga
caverna filosófica medir
o tempo abraçado à fita métrica e
encontrar soluções para amadurecer bananas de vidro
bananas de vidro,
digo eu-tu de mim-outro , olha
òoh passarão falando mentiras com palavras verdadeiras!...a questão,
dizemos os dois: é falar verdade com palavras mentirosas, haver muitas questões escuras entre
eu-tu e tu-mim! ;
navegar é fácil mas não dentro das palavras
dizia eu o outro já em criança
;para que vejas o quanto sorrir enxuga as lágrimas
todos os egos são uma flor de laranjeira habitada poeta
herbívoro a ruminar palavras de feno poesia numa atmosfera de terra desassombrada cisternas sonoras e veludos aos cantos da casa ;mal sabes tu infusa de gargalos fechados o quanto os lábios adornam os cios poemas de um corpo ao vento rasgão
de ti soletrando nos abraços a infância adormecida cantarás os vermes da terra quando as flores sorrirem nos cemitérios do
medo
habito o teu encontro
na penumbra da vida perto tão perto como o
só engolindo o nada todos os egos são
uma flor de laranjeira, dizes acorrentado
à minha voz vislumbro o ventre
incomodado as escaramuças que te afligem
enquanto não nos liquidamos no bazar das
aventuras segue,
segue no clamor que te embrulha ajeitado à voz das fontes com os beijos do lume que te percute