I
nº22
para poemas simples:
; o inviolável aberto
é a trajectória do corpo na superfície da terra;
Nota:
poema duma subtileza granítica
poema duma subtileza granítica
o granito é subtil na sua dureza, a sua força
de coesão
- este poema também deve reabilitar a
frescura da palavra
na coesão da sílaba
na temporalidade da palavra
- trajectória - deve haver referências
ao infinito prazer da corporalidade.
II
nº25
para poemas complexos:
; num tempo matemático quais os algarismos do amor?
Nota:
o poeta é chamado, aqui, a um labor intelectual árduo
o poeta é chamado, aqui, a um labor intelectual árduo
- há que estabelecer quais as relações
entre equações e sentimentos
deverá
o poeta verificar se
à divisibilidade infinitesimal mínima de tempo
corresponde a mesma poção de amor, ou,
se o amor eterno cabe no infinitamente pequeno
tempo.
III
Número 35
para poemas complexos:
; empresto ao corpo um tempo de morte se digo, amei...;
Nota:
para poemas complexos:
; empresto ao corpo um tempo de morte se digo, amei...;
Nota:
um poema sobre o renascimento
não se pode ser no passado
há que naturalizar o verso da canção de Roberto Carlos
"uma folha quando cai nasce outra no lugar"
a palavra caranguejo é proibida no texto do poema.
IV
Número 40º
para poemas complexos:
; se digo, tu, é em mim que inicialmente existes;
Nota:
para poemas complexos:
; se digo, tu, é em mim que inicialmente existes;
Nota:
é um poema de palavras abertas
tópicos:
- mesmo sem asas as pessoas andam
- na paisagem
o calor da memória
deixa o ar-das-pessoas extenuado
- gratos encontramos elixires
nos eus por descobrir
- se há verdades nuas no pensamento
é porque as desilusões castigam os desejos
V
Nº 56
para poemas simples
;a poesia é para todos
não é tertúlia com saltos altos;
Nota:
o poeta
ao escrever este poema
não deve rir
mesmo que o Sol lhe faça cócegas
concentra-se nas palavras alagadas
de suor
inventa canções para as crianças dormirem
suprime os alfabetos arcaicos
a linguagem animar-se-á
dando corda ao texto
a nitidez do olhar nos contornos das soluções encontradas
dará aos vários interlocutores
minúsculas sensações poéticas sem retorno
mas não apagadas
aos olhos de todos
para poemas simples
;a poesia é para todos
não é tertúlia com saltos altos;
Nota:
o poeta
ao escrever este poema
não deve rir
mesmo que o Sol lhe faça cócegas
concentra-se nas palavras alagadas
de suor
inventa canções para as crianças dormirem
suprime os alfabetos arcaicos
a linguagem animar-se-á
dando corda ao texto
a nitidez do olhar nos contornos das soluções encontradas
dará aos vários interlocutores
minúsculas sensações poéticas sem retorno
mas não apagadas
aos olhos de todos
que olhos têm
VI
Nº 95para poemas simples
Anotam-se alguns factos do real:
a mulher nua convergindo
para o homem de costas - realidade assombrada
o homem de costas convergindo
em direcção ao centro - realidade sem direcção
o peixe - realidade sem ficção
na ondulação da água - realidade desmesurada
a gravata presa
ao pescoço do peixe - realidade sem fins lucrativos
o grande lago
que adormece na luz represada - realidade sentimental
o anel quebrado no dedo - realidade do objecto
a família que espera - realidade da distância
o que se procura na distância - realidade do irmão
a fadiga diante do olhar - realidade de oceano
a linda noite de brilhantina azul - realidade abusiva
os esplêndidos sorrisos - realidade triturada
as queixas das lápides - realidade surda
as poeiras do amor - realidade navegante
sublime realidade - realidade com janelas
o sentido - realidade ilustrada
as marés - realidade sem prisão